"E não maltrate muito a arruda, se lhe nçao cheira a rosas..."

sábado, 23 de julho de 2011

Monologando

Parei por uns instantes e encolhi os pés. Aquele frio que pensei não chegar as mãos, desceu ao calcanhar. Tentei me concentrar na minha mente, no que ela me questionava. Mas o próprio fato de tentar já borbulhava várias outras possibilidades de ocupar a mente com um possível não-pensar. Se é que é possível. Ao tempo que encolhia os pés, debruçava o pescoço sobre a cabeceira. Quis aproveitar o frio. Entreguei-me à melancolia extrema que só ele sabe afundar seus seguidores. Pensei em um café, mas se eu me distraisse por um instante perderia o gozo da tristeza. Sim, da tristeza. Porque toda melancolia carrega tristeza, mas nem toda tristeza carrega melancolia. A melancolia é um sentimento dócil e duradouro que arrasta discípulos, que os domina e tornam devotos. Mas não é que ela machuque. Pelo contrário, ela traz delírios e inspirações que nem mesmo o amor conseguiria alcançar exímia homenagem. Rápido! Papel e lápis. Preciso registrar esse engasgo. Não, não. É melhor deitar e engolir a saliva.

Por Ana Paula Morais


quarta-feira, 13 de julho de 2011

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Vamos fazer um filme?

- Um drama ou uma comédia?
- Um romance, respondeu Clarabela.
Luiza pôs-se a rabiscar mesmo com a caneta falha. Parou uns minutos com a caneta encostada no canto de boca e gritou:
- Não posso! - com a cara intrigada.
- Por quê? - perguntou Clarabela assustada.
- Histórias reais não podem virar romance. Simplesmente por correr o risco da mal interpretação. Amor não tem falsas interpretações. Amor só requer uma: aquela a qual se viveu, aquela a qual se amou.

Por Ana Paula Morais.


sábado, 25 de junho de 2011

Sobre o Filme: The Notebook (Diário de uma Paixão)

 The Notebook
Diário de uma Paixão

Título original: (The Notebook)
Lançamento: 2004 (EUA)
Direção: Nick Cassavetes
Atores: James Garner, Gena Rowlands (Allie Hamilton) Rachel McAdams, Ryan Gosling, Heather Wahlquist.
Duração: 121 min
Gênero: Romance
Status: Arquivado 
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/diario-de-uma-paixao/



O filme The Notebook, ou Diário de uma Paixão, de Nicholas Sparks é um romance ingênuo que nasce entre dois jovens de "mundos" diferentes. Allie Hamilton (Rachel McAdams), é uma adolescente rica e Noah Calhoun (Ryan Gosling) um cortador de madeira. Allie está passando férias na cidade que Noah mora. Encontram-se e a princípio Allie o despreza. Porém, surge aí uma história linda de paixão, destino e escolhas. No decorrer do filme, Allie retorna a cidade que morava com o coração partido e na ilusão de "continuar" com Noah. No entanto, o destino parece ter reservado surpresas a ambos que acabam mudando o curso do romance. Mas como todo bom romance, o final é lindamente pensado e finalizado com louvor. 
A história ingenuinamente construída e, por vezes, intensamente adocicada no quesito "Amor verdadeiro" acaba prendendo atenção e convidando a se "jogar" no filme e viver o romance. 
É uma história doce e comovente que idealiza e torna as decisões difíceis e simples simultaneamente. O filme incorpora sentimentos imediatos e impensados que o amor propicia. Cenas de amor, intensidade, cumplicidade, e mais ainda, um amor sem barreiras que enfrenta tudo e todos para ficarem juntos. O filme incita a vontade de amar, de querer entregar-se ao amor de maneira inconsequente, no sentido de amar sem limites, sem dúvidas ou questionamentos. A história faz com que suspiros e desejos guardados em nós tomem vida. Até as mais simples ideias utópicas sobre o amor passam a ser consideradas. Mas rapidamente, depois da chuva de amor incondicional, percebemos o quanto o filme "idealiza" o sentimento amor. Idealização que parte do ponto de vista de viver o presente e desconsiderar quaisquer que sejam os fatores que possam interferir em um relacionamento.  Lembrando que essa visão de idealização do amor está sob minha visão, sobre minhas reflexões sobre o mesmo. Existem duas condicionais presentes no filme: O amor por convenção ou o amor por paixão. Qual deles escolher? E quem disse que o amor pra ser amor precisa de uma condicional "ou"? E isso daria aqui uma outra discussão. O amor pode ser construído quando nos dispomos a isso. A maioria das pessoas acreditam que o amor verdadeiro é aquele que nos cega, que nos deixa sem escolhas, que nos faz entregar sem qualquer pensamento/sentimento negativo ao seu respeito, destituído de qualquer realidade contrária a ele. E é esse o amor que o filme prega. E porque não sentí-lo por duas horas e deixar o peito latejando e desejando amar e ser amada? Se esse é o ponto, o X da questão, marquei em CAIXA ALTA! Um filme para se deliciar e se entregar. Um filme para amar.
Por Ana Paula Morais.

Sobre Karenin

"É um amor desinteressado: Tereza não pretende nada de Karenin. Nem mesmo amor ela exige.  Nunca precisou fazer as perguntas  que atormentam os casais humanos: será que ele me ama? Será que ele gosta mais de mim do que eu dele? Terá gostado de alguém mais do que a mim? Todas essas perguntas que interrogam o amor, o avaliam, o investigam, o examinam, será que não ameaçam destruí-lo no próprio embrião? Se somos incapazes de amar, talvez seja porque desejamos ser amados, quer dizer, queremos alguma coisa do outro (o amor), em vez de chegar a ele sem reivindicações, desejando apenas sua simples presença."
(KUNDERA, 1985, p. 298-299)


terça-feira, 31 de maio de 2011

Da "A Insustentável leveza do ser"

"Atualmente, apagar a luz para fazer amor é tido como ridículo; ele sabe disso, e deixa uma pequena luz acesa em cima da cama. No entanto, no momento de penetrar Sabrina, fecha os olhos. A volúpia que o invade exige escuridão. Essa escuridão é pura, absoluta, sem imagens, nem visões, essa escuridão não tem fim nem fronteiras, essa escuridão é o infinito que cada um de nós traz em si. (Sim, se alguém procura o infinito, basta fechar os olhos!)
(KUNDERA, 1985, p. 100)

sábado, 28 de maio de 2011

Sabe de uma coisa

Sabe de uma coisa?
Eu sei de várias e posso dizer aqui uma delas.
Nada melhor que sentir nosso próprio sabor,
nossa alma indolor,
sentir-se incapaz de qualquer mal a  alguém.
Sentir prazer  no corte da faca,
a vida exatamente nesse instante.
E sabe o que a gente deve fazer com as coisas?
Tudo. Principalmente com aquelas:
"é cada coisa que a gente vê"!

Por Ana Paula Morais

Antes do Amanhecer e/ou Antes do Pôr-do-Sol?

Irei expor aqui algumas considerações a cerca destes dois romances paralelos e verdadeiros nas relações afetivas:

Antes do Amanhecer



Título original: (Before Sunrise)
Lançamento: 1995 (EUA)
Direção: Richard Linklater
Atores: Ethan Hawke, Julie Delpy, Andrea Eckert, Hanno Pöschl.
Duração: 105 min
Gênero: Romance
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/antes-do-amanhecer/

Antes do Pôr-do-Sol




Título original: (Before Sunset)
Lançamento: 2004 (EUA)
Direção: Richard Linklater
Atores: Ethan Hawke, Julie Delpy, Diabolo, Louise Lemoine Torres.
Duração: 80 min
Gênero: Comédia Romântica
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/antes-do-por-do-sol/



O pimeiro filme "Antes do Amanhecer" retrata uma viagem de trem em que duas pessoas se encontram: Jesse (Ethal Hawke) e Celine (Julie Delpy). Celine sai de seu assento motivada pela briga de um casal ao lado e vai sentar-se ao lado do jovem Jesse. Inicia-se aí uma longa história de descoberta e paixão. Jesse mora nos EUA está indo para Viena e Celine para Paris, porém, Jesse a convida para passear com ele em Viena e ela aceita. Já "Antes do Pôr-do-Sol" é o reencontro deste casal após 9 anos em Paris. Dentre conversas e sorrisos, percebe-se em vários momentos como relativizamos a organização e ordem dos acontecimentos. Seria acaso estarem porém naquele trem e terem sentido uma afinidade tão forte e intensa? Não importa. Os sentimentos podem surgir em qualquer momento inusitado ao até mesmo programado, basta atiçar e movimentar os sentidos. Jesse e Celine tentam se descobrir mesmo nas suas limitações de poder realizar o sentimento, poder continuar aquela, até então, breviedade dos fatos, que os estimula a viver, sugar e sentir o momento. Interessante perceber como, em poucas vezes, analisamos o sentido racional das relações e como é importante, muitas outras vezes, vivermos essa irracionalidade dos acontecimentos. E se eles tivessem se encontrado no dia 16 de dezembro? Certamente outro filme não teria sido pensado desta forma e certamente não teria instigado essas reações que agora detalho. A organização dos fatos pode alterar a maneira como estes sucedem, porém, estão baseados numa mesma excitação, num mesmo rol de imaginações... Pergunto-me se a partícula "se" não existisse, não falo como questão de gramática, mas falo com relação ao sentido que ela traz. Se realmente tivessemos que realizar as coisas sem sentimento de mudança em como o efeito seria se fosse com outra cor. E insistentemente, até involuntariamente, estamos equiparando relações, situações, pessoas, movimentos, ocasiões, como se procurássemos uma idealização pra o que de fato nos pareceria "correto". Engano. Paixão. Temor. Entrega. Essas palavras podem definir estes dois filmes que se complementam. De maneira alguma, a proposta aqui foi relatar ou resumir a história, e sim, trazer questionamentos para que, a curiosidade também incite a quem aqui  provou desta leitura. E quanto ao final do Antes do Pôr-do-Sol... A minha vontade foi de amar. 
Assistam, queridos! E vivam suas vidas!
Por Ana Paula Morais.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

aluga-se um papel

Para arder essas letras que me saem e eu seguir sem ensaio ao redor. É o mundo que parece me levar para escrever meus olhos e meu coração, mas não há papel, nem tinta... Escrevo os sonhos no meu corpo e deixo tatuado os seus sons. De que me servirá o papel?
Dívida de aluguel. 

Por Ana Paula Morais
"Tomas pensava: deitar com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixões não somente diferentes mas quase contraditórias. O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma série inumerável de mulheres), mas pelo desejo de sono compartilhado (este desejo diz respeito a uma só mulher)."
(KUNDERA, 1985, p.21)