Obrigatoriamente servi o chá gelado por volta das 16:30 do sabádo. Limpei a mobília como de costume e organizei os porta-retratos virados para a porta. Pensei em encher a caneca, mas teria assunto demais para pensar até esvaziá-la. Então pensei no que poderia pensar por onze minutos, e resolvi por fim ao pensamento antes de passar o momento. Elenquei três situações novas e fui molhando os lábios e enxugando-os com a língua. Quanto estava a ponto de multiplicar o pensamento vezes mil, coloquei a caneca cinza no chão e deitei no chão com as pernas em cima do sofá. Respirei e resolvi: "Por hoje é só"! E nesse momento atraí a traição. Ela estava ali o tempo toda, sedenta como um imã. Cravou seus dentes no pensamento, o fez ardiloso, inquieto e insano. Com mais dois dedos do chá, não teria conquistado esse momento. Sorri envergonhada e conclui que: "é mais fácil pensar o pensamento do que tentar enganá-lo".
Por: Ana Paula Morais