"E não maltrate muito a arruda, se lhe nçao cheira a rosas..."

terça-feira, 29 de março de 2011

O bem seria bom senão fosse...

O bem seria bom senão fosse cruel. Quantas vezes não ouvimos "Eu gosto de você, mas é melhor nos separarmos para o seu bem, para o nosso bem". Qual o real sentido em se falar e expressar tal contradição? E é verdade quando analisamos as possibilidades, os relacionamentos que temos, tivemos ou desenvolvemos com carinho e cuidado. As nossas relações pessoais estão carregadas de dúvidas, medos, provações, que acabam fazendo mais mal do que bem, no final. A gente recua, amedronta-se pelo medo do inesperado, da felicidade, do sentimento conquistado e quando finalmente queremos nos entregar, outrem nos privam, por quaisquer que sejam os motivos. E até que se tem razão. Mas onde está a razão se o mal do outro é para o bem? Não vejo sentido nisso. Porque é isso que digo e repito:  

O bem seria bom senão fosse cruel

Por: Ana Paula Morais

segunda-feira, 28 de março de 2011

nenhum outro lugar



Eu quero ter seu sangue
Nos dias mais impróprios
O seu cheiro e um beijo morno
Na hora em que eu abro os olhos

Nosferatu - Leoni

quinta-feira, 24 de março de 2011

bem mais leve

quando a gente não fala,
quando a gente não quer,
quando a gente não deve,
quando a gente não vê,
quando a gente não acha,
quando a gente não perde,
quando a gente não procura,
quando a gente não esclarece,
quando a gente não esquece,
quando a gente não se mexe,
quando a gente não sofre,
quando a gente não inventa,
quando a gente não aparece,
quando a gente não escuta,
quando a gente não desgasta,
quando a gente não se mata,
quando a gente não chora,
quando a gente não engasga,
quando a gente não ouve,
quando a gente não se molha,
quando a gente não maltrata,
quando a gente não nasce.
Mas acontece que a gente é gente.


Por: Ana Paula Morais

domingo, 13 de março de 2011

I don't want

Eu não quero ser a mulher perfeita!
A mulher perfeita é idealizada, almejada, desejada, querida e modelo perfeito para qualquer homem que queira ser feliz e bem sucedido na vida. Ela discute assuntos importantes,  trava questionamentos, causa orgulho em estar colado a sua mão. A mulher perfeita é a ironia de todo homem e a não concretização de um sonho. Prefiro ser a mulher real, que apesar de bonita e inteligente, não traz consigo o pensamento de vários homens em querê-la. Não quero mais o pensar, desejar, almejar ser o perfil de um relacionamento perfeito. Quero ser a minha realidade insana e concretizada, mesmo que para isso eu continue sozinha. Melhor ser "comum" do que carregar o peso de ser a mulher apenas "desejo", perfeita para se relacionar, mas que carrega e sempre carregará, o "mas" como carma da solidão. Quero a mim impura. Porque a pureza de já me cansou de sentimentos vãos.
Por: Ana Paula Morais

sábado, 12 de março de 2011

.

Não se digere amor, não se cospe amor, amor é o engasgo que a gente disfarça sorrindo de dor. Aceito sua consideração de carinho no topo da minha cabeça, seu dedilhar de dedos nos meus ombros, seu tchauzinho do bem partindo para algo que não me leva junto e nunca mais levará, seu beijinho profundo de
 perdão pela falta de profundidade. Aceito apenas porque toda a lama, toda a raiva, todo o nojo e toda a indignação se calam para ver você passar.

Tati Bernardi

domingo, 6 de março de 2011

vitae

A gente vai vivendo assim... 
Com um pouco de sal e sazon, ou sem sal, nem cor. 
A gente vai vivendo assim... 
Com roupa e pudor, ou corpo nu em frenesi.
A gente vai vivendo assim... 
Como quem cala e não consente, como quem não fala pra não mostrar os dentes.
A gente vai vivendo assim... 
Com amor e sofrimento ou sem amor por um momento.
A gente vai vivendo assim... 
Sem falar, nem aquecer ou querer e não fazer.
A gente vai vivendo assim... 
dedos, mãos e sombra, ou sem corpo, nem musculos que o sustentem.
E a gente vai vivendo assim...
e assim, se não pior, 
a gente morre também.

Por Ana Paula Morais

sábado, 5 de março de 2011

Nua

Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci....

Olavo Bilac

terça-feira, 1 de março de 2011

"que seja como um casulo...

... e que se encha de beleza". E foi tanta a certeza que me causou e abalou aqui esse coração, quebrou um gelo de medo em jogar tudo pro ar e deixar acontecer. Que tempo de amor, o nosso! Não sinto falta das poucas vezes que saimos juntos noite afora, nem das pessoas querendo saber de nós, nem dos pés cansados e sujos... Sinto falta das noites que ia dormir tarde pra arrumar a bolsa pra no outro dia logo cedo ir te ver, sinto falta do  seu cheiro quando acorda, sinto falta da sua voz rouca querendo dormir, sinto falta das uvas e biscoitos na praia, sinto falta da chuva caindo e nos molhando, sinto falta dos riscos na areia com nosso nome (e a gente já vinha rindo do casal que fazia isso, apaixonado...) e como você me fazia sentir bem, com todas as nossas diferenças e conversas longas... É com a mesma certeza que sei que se isso tiver de voltar, minha blusa estará aberta e meu coração, mais uma vez, te entregarei nas mãos...


Por: Ana Paula Morais